sábado, 28 de agosto de 2010

Miguel Marvilla: Sonetos da paixão

Há alguns anos tive em minhas mãos um livro de Miguel Marvilla. Eram sonetos. Amo sonetos. Ah! Camões e seus sonetos de desventurados amores. Acredito que tenha sido devido a ele esta minha paixão por esta forma fixa. Bom o livro de Marvilla não durou muito sob meus domínios. Não. Não o perdi. Apenas dei a uma amiga. Pensei que tãos boas letras deveriam caminhar livres por outros e mais outros olhos.



SONETOS DA DESPAIXÃO - III

Quem é esta mulher, pulsando à espera
de um que lhe descubra seus mistérios
e em cuja pele clara seja breve
mas, sendo breve, ao fim lhe seja eterno?

E, ex-subcutâneos, seus desejos,
tão antes resguardados, ei-los. Ei-los,
à tona da manhã, enfim despidos
(a inumerável teia de delicias

do mundo protegida), os nunca vistos
enigmas de ouro, sem disfarce
(que ela nunca pensaria haver por tê-los).

porque, à espera de alguém que a investigasse
e lhe fosse com calma até o sim,
achou foi de perder-se com si mesma.

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